25 de junho de 2009

Canto e silêncio


Riso e absurdo marcam primeira noite

Por Maísa Gontijo


A grande fila formada em frente ao Galpão Cine Horto não deixa dúvidas: algo de grande está para acontecer no teatro. Trata-se da abertura das comemorações dos dez anos do festival Cenas Curtas. Em clima de festa, com direito a balas delícia e chapeuzinhos de aniversário, a fila aguarda ansiosamente o início das apresentações. Os personagens que ilustram o cartaz do evento tomam vida nessa edição, e chamam a atenção do público para a importância da data: “O que hoje em dia duram dez anos, gente?”. Na contramão da efemeridade das ações contemporâneas, o Cenas Curtas mostra que consegue não só resistir ao tempo, como também se desenvolver ao longo dos anos.


Em seguida, 5 cabeças começam a cantar em coro: “Será o Nick Van Drick?”. 5 cabeças a espera de um trem é a próxima cena a se apresentar. Elas estão lá, há 27 anos, esperando um trem para a Polinésia passar. “Será que ele passa aqui? Será que ele chega lá? Devo comprar as passagens agora? E se o trem passar enquanto eu estiver no guichê?”. Dilemas... dilemas que passam por essas cabeças durante toda a cena que, bem ao estilo do teatro do absurdo, foi desenvolvida especialmente para o Cenas Curtas. Talvez seja por isso que as horas do relógio da estação insistam em não passar: 15 minutos é muito pouco tempo para o humor criativo e inteligente da cena, que começou com o canto, mas terminou com o silêncio.

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