30 de junho de 2010

5 cabeças no FIT 2010





Sempre tivemos vontade em participar de um Festival Internacional de Teatro com o nosso "espetáculo cena", e melhor ainda se fosse em BH, no nosso tão conhecido Festival, o FIT. Pois então lá vamos nós, tripulantes desse bordo, mais uma vez se aventurar pelos palcos de BH.

Saiu dia 16 de junho o resultado das produçoes que participarão da programação da Mostra de Movimentos Urbanos do FIT 2010. Será uma programação paralela, que irá acontecer no Ponto de Encontro no Espaço Cento e Quatro.

Depois da super viagem a Manaus, voltaremos a nos encontrar no Fit em agosto. Nós equipe e nós público.



Espatódea



Tenho músicas de fase. Na minha fase atual e no meu mp3 só da ele, Nando Reis.
A letra, a melodia, o arranjo de espatódea é como poesia, dessas de ficar recitando em voz alta, para que o mundo inteiro possa ouvir de uma única vez.

letter and music

Espatódea
composição de Nando Reis

Minha cor
Minha flor
Minha cara

Quarta estrela
Letras, três
Uma estrada

Não sei se o mundo é bom
Mas ele ficou melhor
Quando você chegou
E perguntou:
Tem lugar pra mim?

Espatódea
Gineceu
Cor de pólen

Sol do dia
Nuvem branca
Sem sardas

Não sei o quanto o mundo é bom
Mas ele está melhor
Desde que você chegou
E explicou
O mundo pra mim

Não sei se esse mundo está são
Mas pro mundo que eu vim já não era
Meu mundo não teria razão
Se não fosse a Zoé

Espatódea
Gineceu
Cor de pólen

Sol do dia
Nuvem branca
Sem sardas

Não sei o quanto o mundo é bom
Mas ele está melhor
Desde que você chegou
E explicou
O mundo pra mim

Não sei se esse mundo está são
Mas pro mundo que eu vim já não era
Meu mundo não teria razão
Se não fosse a Zoé


24 de junho de 2010

na mais perfeita paranóia

_ Mari, vamos fazer os cenas curtas, pois uma cena desistiu e estávamos em excedente.
_ gente, mas faltam 10 dias!
_ então, e precisamos de você. A Aninha tá sem voz e não vai poder fazer, rola de substituí-la?

Foi assim que começou minha mais perfeita paranóia. Eu tinha exatos 9 dias para estar pronta para ser vista por uma platéia rigorosa de Cenas Curtas. Foram ensaios e mais ensaios, em horários alternativos e dois fins de semanas. Sim! Eu quis aceitar esse desafio. Fazer uma cena ousada, com uma estética diferenciada e uma pesquisa acerca de mangás. Eu quis aceitar me transformar em um dia que seja em uma boneca gente, humana. Eu quis aceitar trabalhar com uma galera nova, cheia de vontade e vigor. Eu quis aceitar poder contracenar com Lira Ribas e assim iniciar uma futura parceria. Eu quis aceitar o desafio de pegar em tão pouco tempo um trabalho corporal específico da pesquisa do coletivo.

Fiquei feliz em ter participado. Tava há três meses parada, sem fazer nenhuma pesquisa. nenhum processo e foi bom, muito bom! Não ganhamos e nem fomos uma das cenas favoritas da noite, mas fizemos um bom trabalho e isso sim é gratificante.

Agora um desabafo: como o público belo-horizontino e principalmente os frequentadores do Cine Horto, me deixam tensa. Sempre que apresento lá, é uma batalha encarar esse público, mas é uma batalha boa e desafiadora.

Na ilha por vezes habitada...


Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente
e entra em nós uma grande serenidade,
e dizem-se as palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável:
o contorno, avontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres,
com a paz e o sorriso de quem se reconhece
e viajou à roda do mundo infatigável,
porque mordeu a alma até aos ossos dela
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.


"Na ilha por vezes habitada" de José Saramago