26 de janeiro de 2009

Em uma sala de ensaio

Ao chegar o diretor naquela sala de ensaio de um prédio velho localizado na esquina de duas movimentadas avenidas, ele disse: Vamos Começar? O ator, como todo bom ator logo se prontificou e respondeu: Claro, vamos lá! E ele começa o ensaio. É um monológo e ele não tem a quem se apoiar, tarefa difícil essa, estar em cena sozinho. Bem, ele tem o público, mas no ensaio o público sou eu, ele e ela . Sim, somos três na platéia neste momento e quatro em uma sala de ensaio. E ele começa o ensaio de novo a pedido do diretor. E ele recomeça novamente, continua, aprofunda . E mais uma vez. Ensaio é repetição, aperfeiçoamento, lapidação, coragem , risco , experimentação, questionamento. E tudo se torna uma grande aula. Dele que conduz e dele o conduzido .
Há um ano mais ou menos, desde o fim do processo do meu último espetáculo que eu não acompanhava um processo de criação. Claro que agora é diferente pois acompanho de fora, olhar externo , mas ao ver isso, fico pensando como nós atores somos corajosos, como nós atores nos colocamos em xeque a todo instante. Como é difícil passar o que sentimos internamente para o público. Como é difícil ouvir uma crítica e erguer a cabeça, aprender com ela. Mas tudo é necessário, não há ator nenhum, em lugar algum que nunca tenha passado por isso. E é por passar por tudo isso, que continuamos a tropeçar para aprender a se erguer.

Nenhum comentário: